Room in Rome (2010)

Realizado por: Julio Medem
País: Espanha

Filme sobre o encontro casual de duas mulheres (uma espanhola e uma russa) que se encontram de passagem em Roma. A sua relação não só irá tornar-se física, como também tentarão descobrir mais sobre o que lhes vai na alma. A meio de revelações íntimas, verdades ou mentiras, e alguns momentos sexy, é um filme perfeitamente esquecível de um grande realizador espanhol que já nos habituou a bem melhor (“sex and lucya”, “lovers of the artic circle”, “earth”).




Midnight in Paris (2011)

Realizado por: Woody Allen
País: EUA

Woody Allen, como é seu hábito, regressa anualmente com um novo projecto. Desta vez resolveu homenagear Paris, invocando o passado dos artistas dos anos 20 e 30, que irão inspirar a carreira de Gil, um escritor americano que se apaixona pela cidade e se desapaixona da sua futura esposa. A fantasia/nostalgia que Allen nos apresenta resulta bem, juntamente com a magnífica caracterização dos artistas, mas apesar de o recomendar, não chega perto das obras de outros tempos.

Meek's Cutoff (2010)

Realizado por: Kelly Reichardt
País: EUA

Filme arrojado, este “western” independente de Kelly Reichardt. Um filme sobre a confiança que podemos ter ou não nos outros. De ritmo lento, mas incisivo naquilo que pretende demonstrar, sem sentimentalismos ou rodeios no argumento, foi uma aposta ganha da realizadora. Um grupo de três casais decidem desviar-se do caminho regular, seguindo o “fanfarrão” Stephen Meek por um atalho no deserto do Oregon, a fim de ultrapassarem as Montanhas em Cascata. Acabando perdidos e sem água, terão num índio inimigo, capturado durante o percurso, a sua única hipótese de salvação.



Star Trek (2009)

Realizado por: J.J.Abrams
País: EUA

Filme que agradará com certeza aos amantes do sci-fi e das batalhas espaciais. É uma boa oportunidade para relembrar os “Star Trek” da década de 70 e 80, remetendo-nos neste caso para os dias de juventude do Capitão Kirk e do embaixador Spock. O argumento não sendo nada de extraordinário, possui uma movimentação constante e recorre a efeitos especiais decentes, o que faz com que estejamos sempre à espera de qualquer coisa e fiquemos deslumbrados visualmente. 

Lope (2010)

Realizado por: Andrucha Waddington
País: Espanha/Brasil

Uma visão não muito profunda, é certo, mas suficientemente apaixonada sobre parte da vida do poeta espanhol Lope de Vega, responsável por uma revolução no teatro do sec.XVI. Após apaixonar-se por Isabel de Urbina, vai denunciar publicamente através de poemas controversos, a hipocrisia de algumas pessoas influentes da sociedade, incluindo o seu protector Velásquez e a filha deste, Elena, com quem manteve um caso amoroso. O resultado final é um filme leve, que vai subindo de intensidade rumo ao final, proporcionando bons momentos de entertenimento. 


As Melhores Coisas do Mundo (2010)


Realizado por: Laís Bodanzky
País: Brasil

Um filme sobre a adolescência realizado e interpretado à boa maneira brasileira. Longe de provocar grande surpresa ou de deixar grande marca, tem no entanto uma abordagem simples e directa de vários problemas com possibilidade de emergir nos nossos dias. O argumento flui com naturalidade, retratando temas como a amizade, traição, sexualidade, discriminação, depressão, suicídio, família e escola. Vencedor de diversos prémios do cinema brasileiro, incluindo melhor realização e argumento, atribuídos pela associação de críticos de São Paulo e Festival do Recife.


Road To Nowhere (2010)

Realizado por: Monte Hellman
País: EUA

Regresso do realizador do “road-movie” de culto “two lanes blacktop”. O tema incide sobre a realização de um filme baseado num caso trágico ocorrido na Carolina do Norte, envolvendo três personagens: uma mulher, um político influente e um polícia. A abordagem da tragédia é depois interlaçada de forma ambígua com a envolvência da equipe de filmagem e actores, tomando uma estrutura interessante e fazendo o espectador perder-se um pouco na busca daquilo que é ou não a realidade das suas personagens. Com um ritmo muito próprio, é um filme “indie” inventivo e fora do comum.



Point Blank (2010)

Realizado por: Fred Cavayé
País: França

Com ritmo intenso e cenas de algum aparato, típicas do género, este filme conta a história de um enfermeiro que acaba por impedir que um criminoso hospitalizado (acusado da morte de um político influente), seja assassinado por um homem misterioso. Após este feito heróico, vê a sua mulher raptada, vindo depois a descobrir que um esquadrão da policia está envolvido no caso. O ponto fraco do filme acaba por ser o argumento, muito pouco provável de acontecer na realidade, mas possui uma movimentação frenética que com certeza agradará aos amantes dos filmes de acção. 





I Saw the Devil (2010)

Realizado por: Jee Woon Kim
País: Coreia do Sul
Já vai sendo habitual associarmos os filmes coreanos à violência sem limites. Pegou de moda, mas nem sempre convence. Quanto a mim, as cenas com excesso de violência podem funcionar bem nalguns casos, mas não quando passam a ser a única “atracção” do filme. Extremamente bem realizado, o que condeno é que por mais voltas que o argumento dê, tudo vai bater ao mesmo: sangue, tortura, violência. A constante repetição de torturas durante 2 horas e meia, esgota o catálogo de atrocidades e acaba por enfastiar e entediar, tornando-se numa espécie de concurso para ver quem é mais cruel e quem mais sofre. 




The Hunter (2010)

Realizado por: Rafi Pitts
País: Irão

Prometendo ser bem melhor do que aquilo que acabou por mostrar, este é um filme que traz à tona alguns dos principais problemas do Irão actual. Após de acidentalmente, perder a sua mulher e filha num tiroteio entre polícia e manifestantes, um homem decide vingar-se por sua conta, acabando por matar dois agentes da lei. Depois de perseguido e de fugir para o interior de um bosque, vai beneficiar da discórdia entre os dois polícias que o capturaram. A importância dos temas retratados (corrupção e abuso de poder nas forças policiais, excesso de burocracia nas esquadras da polícia e alienação geral devido à repressão do sistema), contrastam com uma realização menos conseguida. 


Rapt (2009)

Realizado por: Lucas Belvaux
País: França

Um rico industrial, braço direito do Presidente da Republica francês, é raptado na véspera de partir para a China. Após este incidente são revelados vários acontecimentos da sua vida privada, nomeadamente: despesas astronómicas no jogo e a descoberta de uma amante. Os raptores exigem 50 milhões de euros para o libertar, levando a que sérias considerações tenham de ser analisadas entre família, polícia e restantes accionistas da empresa. Competente o suficiente para o seguirmos com atenção até final.

Post Mortem (2010)

Realizado por: Pablo Larraín
País: Chile

Regresso do chileno Larrain, num filme bem mais ousado que o anterior “Tony Manero” e incidindo uma vez mais no seu tema favorito: a obsessão. Um enigmático funcionário de uma morgue tem uma fixação por uma decadente dançarina anoréctica, cuja família é apoiante do comunismo. Este homem vai fazer tudo para a conseguir salvar das “garras” do novo regime, responsável pelo assassinato de Salvador Allende em 73. Chegando ao ponto de propor casamento, vai deparar-se com alguns dissabores, resolvidos prontamente de maneira fria e calculada.Um estranho filme negro, que cativa.

Majority (2010)

Realizado por: Seren Yuce
País: Turquia
Mertkan é um “menino do papá” que leva uma vida vazia. Preguiçoso e sem grandes responsabilidades ou objectivos, possui um cargo “fachada” na empresa do pai, mas prefere divagar de carro pela cidade com os amigos, frequentando pubs e discotecas. Ao fazer amizade com uma rapariga curda, tudo vai mudar de figura, sentindo pela primeira vez que quer algo na vida. O desaparecimento súbito da rapariga (procurada pela família) vai ser determinante para que Merktan opte por seguir as passadas do pai: corrupção, influência e forte autoridade e menosprezo por tudo o que não é turco ou muçulmano. Estreia auspiciosa de Yuce e mais um filme de qualidade inquestionável.

Little White Lies (2010)

Realizado por: Guillaume Canet
País: França

Um grupo de amigos decide passar as suas férias de Verão na casa de praia do casal Cantara, como habitualmente acontece desde há 6 anos, mesmo após um deles ser hospitalizado uns dias antes da partida, na sequência de um acidente de moto. Durante a estadia, vão sendo revelados os problemas e sentimentos que os afligem. Amor e amizade, separações e reconciliações, alegria e frustração, são temas centrais num filme com alguns bons momentos mas evidenciando uma certa dificuldade em manter o balanço (talvez por ser muito longo), acabando por decair na parte final.

Polytechnique (2009)

Realizado por: Denis Villeneuve
País: Canadá

Depois de ter visto o fantástico “Incendies”, fui à procura de outros filmes do canadiano Denis Villeneuve, acabando por encontrar mais esta pérola da 7ª arte. Trata-se de uma chocante recriação do massacre que ocorreu num politécnico de Montreal em 1989, em que um estudante anti-feminista, assassinou várias estudantes de engenharia. A opção pelo preto-e-branco confere ao filme uma ambiência mais pesada e aflitiva, não se preocupando em mostrar os motivos que levaram à chacina, mas sim em recriar o acto em si, e prevendo as possíveis consequências desse trauma nos sobreviventes.

Ocean Heaven (2010)

Realizado por: Xiao Lu Xue
País: China

O actor Jet Li deixa os socos e pontapés para experienciar pela primeira vez um papel dramático. Interpretando um homem viúvo com uma doença terminal, terá problemas em encontrar um local adequado para deixar o seu filho autista, após a sua morte. Exercício sentimental e lamecha quanto baste (basta ouvir a banda sonora), é um filme que não nos surpreende nem deixa saudades, até porque o autismo é um tema extremamente bem retratado noutras obras de maior inspiração (“rain man”, “temple grandin”). A interpretação de Wen Zhang como autista é dos únicos pontos fortes do filme.

Bedevilled (2010)

Realizado por: Chul-Soo Jang
País: Coreia do Sul
Sangrento e arrepiante thriller coreano, de argumento sólido, onde a vingança é o prato principal. Hae-won é uma mulher independente que trabalha em Seul. Uma série de bizarros acontecimentos vão fazer com que tenha de tirar umas férias forçadas, escolhendo a terra dos seus avós (uma ilha subdesenvolvida) para passar uns dias. Em criança Hae-won já tinha visitado a ilha, tendo feito amizade com Bok-Nam, uma rapariga que agora é vítima de maus tratos por parte do seu marido e por toda a vizinhança da aldeia. A morte da filha desta, vai fazer com que a sua vingança seja devastadora, não poupando ninguém.


The Princess of Montpensier (2010)

Realizado por: Bertrand Tavernier
País: França

Regresso de Bertrand Tavernier aos filmes de época. A princesa Marie de Montpensier, verdadeira quebra-corações, após ter casado contra a sua vontade, tudo fará para ficar com o homem que ama. Mas o seu destino acabará por ditar-lhe uma vida de sofrimento. Aqui encontramos intriga amorosa, política e guerra em campos de batalha, onde cristãos e protestantes procuram dominar. Apesar de em certos momentos faltar-lhe força na narrativa e a paixão que caracteriza as suas personagens, é um filme com o seu valor e que merece ser visto.

Even the Rain (2010)

Realizado por: Iciar Bollain
País: Espanha/México
Bem estruturado, este filme da actriz e realizadora espanhola Iciar Bollain, conta as diversas dificuldades sentidas por uma equipe de produção cinematográfica que se encontra na Bolívia a rodar um filme sobre a chegada de Cristovão Colombo às Américas e a forma como naquela altura, a população indígena foi usurpada pelos espanhóis, que exigiam o pagamento de impostos em ouro. Numa altura em que a cidade passa por um tumulto motivado pela privatização da água por uma empresa estrangeira, é feito um paralelismo entre o filme e a situação actual vivida pela população. Emotivo e com um carácter humano e político bem presente.

The Girlfriend Experience (2009)

Realizado por: Steven Soderbergh
País: EUA
Filme sobre a vida de uma "call-girl" da alta sociedade de Manhattan. Diferente de todo e qualquer filme deste género, tem uma abordagem tipo documentário, onde são debatidos e explorados os seus relacionamentos com os clientes, com o seu namorado e as opções que terá de tomar na sua carreira para não ser ultrapassada pela concorrência. É curioso o facto de não existir uma abordagem violenta ou humilhante, normalmente associada a filmes deste género. Soderbergh mostra a sua versatilidade, mostrando que tanto é capaz de fazer bons “blockbusters”(“Traffic”, “Sex,Lies and Videotape”, “Ocean´s Eleven”), como filmes mais alternativos.