Biutiful (2010)

Realizado por: Alejandro Gonzalez Iñarritu
País: Espanha/Mexico
Filme triste e depressivo de um realizador já confirmado ("amores perros", "21 grams", "babel"). Uxbal (Javier Bardem) depara-se com todo o tipo de problemas, incluíndo: um cancro na próstata, a relação com a sua mulher bipolar e infiel, a educação dos seus filhos, um trabalho ilegal envolvendo imigrantes e o ter de lidar constantemente com a morte (quer através do contacto com espíritos, ajudando-os a seguirem o seu "caminho" a troco de dinheiro das famílias, quer através de visões da própria morte). Apesar de extremamente pesado no seu conteúdo, não é mau filme, retratando uma possível vida de angústia e sofrimento de um homem, que apenas se libertará através da morte. Não será este o caso de tanta gente?

The Adjustment Bureau (2011)

Realizado por: George Nolfi
País: EUA

O que à primeira vista parecia ser um filme regular sobre um político americano, acaba por surpreender, mas não tanto pela positiva, ao apresentar-nos uma história futurista num estilo "Big Brother" com vida pré-determinada. Uma organização misteriosa que controla as vidas humanas desde o seu começo, não consegue impedir que o congressista David Norris tenha um caso com Elise, uma bailarina. Ficarem juntos, implica a não realização dos seus sonhos de vida e um falhanço nos planos da Organização. Passagens subterrâneas de vários níveis (a fazer lembrar as camadas de sonhos do excelente "inception"), tornam possível a fuga.

Potiche (2010)

Realizado por: François Ozon
País: França

Um filme feminista e com alguma piada sobre Suzanne, uma mulher submissa que, após o rapto do marido por um conjunto de trabalhadores grevistas da fábrica em que é patrão, toma as rédeas da família e do trabalho, provando que é uma líder eficiente. Para complicar, Suzanne reencontra um antigo amante que nunca a esqueceu e que é líder de um sindicato. É o regresso de Ozon à comédia após o bem sucedido "8 women". Não sendo nada de especial, fica um filme minimamente divertido e muito bem interpretado pela magnífica Catherine Deneuve.

Norwegian Wood (2010)

Realizado por: Tran Anh Hung
País: Japão

Baseado no romance de Haruki Murakami, "norwegian wood" foi adaptado ao cinema pelo magnífico realizador vietnamita Tran Anh Hung, responsável por filmes de excelente qualidade, como: "cyclo"(1995), "scent of green papaya"(1993) ou "the vertical ray of the sun"(2000). Desta feita, Hung não conseguiu alcançar o mesmo nível dos seus filmes anteriores, talvez devido à responsabilidade acrescida de ter de adaptar uma obra literária de sucesso e não escrita por si. No entanto, apesar de estar bem longe do brilhantismo ou de conseguir envolver-nos demasiado na trama, vale pela experiência visual que proporciona.

Machete (2010)

Realizado por: Robert Rodriguez
País: EUA
Filme ao estilo a que já nos habituou Robert Rodriguez, recorrendo à acção com violência extrema e à comédia flácida. Em projectos anteriores funcionou bem ("El Mariachi", "Grindhouse"), mas não neste. Contando com actores tão distintos como Danny Trejo, Steven Seagal e Robert De Niro, trata-se de uma história de matança envolvendo um ex-agente federal, forças políticas e guardas da patrulha fronteiriça, recorrendo aos velhos clichés de sempre e tornando-se assim uma verdadeira monotonia de assistir, apesar do rebuliço da acção constante. A única coisa positiva que encontrei neste filme foi a abordagem de censura visando a política de emigração dos EUA. A evitar!

Restrepo (2010)

Realizado por: Tim Hetherington
País: EUA

Primeiro e último documentário de Tim Hetherington, realizador e jornalista britânico recentemente falecido na Líbia. Um ano a acompanhar um pelotão americano que se encontrava a operar no vale mais perigoso do Afeganistão (Korengal) e um olhar sobre as marcas deixadas em cada um dos soldados que lá serviram. Sem entusiasmar demasiado ou tocar profundamente, é um filme que mostra de forma crua as agruras da guerra, a camaradagem entre os soldados e o factor psicológico após a retirada. Vencedor do grande prémio do júri no Festival de Sundance e nomeação para melhor documentário da Academia americana.

Exit Through The Gift Shop (2010)

Realizado por: Banksy
País: EUA

Documentário realizado pelo misterioso artista de rua, Banksy, sobre um excêntrico francês, que alcança um sucesso inesperado quando altera diversas obras de arte e usa o nome do realizador deste filme para promover a sua exposição. De nome Thierry, este artista francês é um compulsivo das filmagens, considerando-se ele próprio um realizador e artista de rua. O filme é divertido e capta a atenção pelas estranhas personagens intervenientes, pondo ao mesmo tempo a ridículo alguns casos inacreditáveis de sucesso imediato nos EUA.

La Nostra Vita (2010)

Realizado por: Daniele Luchetti
País: Itália

Claudio é um operário da construção civil que vive feliz com a sua mulher, grávida do seu terceiro filho. Quando esta morre, durante o parto, a vida de Claudio desaba completamente, levando-o a acções e comportamentos fora do normal. Na tentativa de dar uma volta à sua vida e de enriquecer depressa, vai aventurar-se num esquema perigoso, relegando os seus filhos para segundo plano. Argumento interessante, perdendo cada vez mais força à medida que se encaminha para o final. Elio Germano foi galardoado como melhor actor no Festival de Cannes.

A Call Girl (2009)

Realizado por: Damjan Kozole
País: Eslovénia

Aleksandra é uma ambiciosa estudante universitária de 23 anos, que acaba por prostituir-se em Lubjlana para poder ter uma vida luxuosa. Após comprar um novo apartamento e de quase cair nas mãos de uma rede de prostituição, da qual consegue escapar com dificuldade, vai passar por sérios problemas, entre os quais: a ameaça de vir a ser descoberta, a difícil coordenação com os estudos e a necessidade de obter os meios financeiros para pagar o empréstimo ao banco do seu apartamento de luxo. Uma realidade bem possível num filme que não está isento de falhas, mas que se assiste com interesse.

The Tree of Life (2011)

Realizador: Terrence Malick
País: EUA

Magnífico, é o adjectivo que me vem à cabeça, depois de ter assistido a este novo filme de Terence Malick, autor de obras imprescindíveis ao longo da sua carreira (apenas 5 longas metragens), como "badlands", "days of heaven" ou "the thin red line". Este é um filme que ficará na história pela forma como nos é apresentado, recorrendo a flashbacks, como se de um sonho se tratasse, para explicar a infância conturbada de Jack e a relação com os seus pais e irmão. Jack, vai ao ponto de reflectir sobre a origem do mundo, ao mesmo tempo que tenta arranjar forças para perdoar e sentir-se perdoado. Para já, é o melhor filme de 2011, sendo o justo vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Limitless (2011)

Realizado por: Neil Burger
País: EUA

Nova longa metragem do realizador do bem mais atractivo "the illusionist" (2006). Eddie é um escritor frustrado, que se encontra a passar por uma fase menos boa na vida. Um dia, acidentalmente, encontra o seu ex-cunhado, um traficante, que gratuitamente lhe dá uma droga experimental que potencia as habilidades e a forma de pensar do ser humano. Esta droga do "faz tudo" e "sabe tudo", como não poderia deixar de ser, tem muitos pretendentes, pelo que Eddie passará por algumas dificuldades. Argumento fraquinho e pouco convincente.

Temple Grandin (2010)

Realizado por: Mick Jackson
País: EUA

A vida real de Temple Grandin é aqui retratada. Apesar de autista e das dificuldades em lidar com as pessoas em geral, transformou-se num caso de sucesso, ao conseguir uma graduação com distinção e um mestrado. Foi responsável pela invenção de um aparelho de dar abraços, reconhecido como atenuador do stress e pela criação de um sistema eficiente e não agressivo para abate de animais bovinos nos matadouros. Apesar de um ou outro apontamento menos bom ao nível do argumento, nem nos damos conta do tempo a passar, muito por culpa da fenomenal interpretação de Claire Danes.

Black Death (2010)

Realizado por: Christopher Smith
País: Alemanha

Filme de ambiência negra, a fazer lembrar "Valhalla Rising" de Nicolas Winding Refn, porém com argumento distinto e não tão apelativo no aspecto visual. Um grupo de homens devotos a Deus vão ser guiados por um monge noviço, rumo a uma aldeia poupada à "peste negra". No entanto, irão deparar-se com algumas surpresas e terão de lidar com as forças do mal lá instaladas. Superstição e misticismo, argumento empolgante e uma atmosfera medieval e fúnebre, fazem de "black death", um filme a ter em boa conta.

Attenberg (2010)

Realizado por: Athina Rachel Tsangari
País: Grécia
Interessantíssima abordagem à vida de Mariana, que com 23 anos encontra-se obcecada pelo facto de ser virgem e de não possuir qualquer interesse sexual por ninguém, ao contrário da sua melhor amiga Bella, já muito experiente. A relação entre ambas não é muito afectiva, vivendo mais dos momentos de descompressão, quando realizam uma espécie de "dança animal" para ajudar a passar o dia. Ao mesmo tempo, Mariana cuida do pai gravemente doente, com quem vai limando os pormenores sobre o funeral que se prevê para breve. Mais uma prova da qualidade do cinema grego, após o recente "dogtooth" e as obras do genial Theo Angelopoulos, ao longo de mais de duas décadas.



Sugar (2008)

Realizado por: Ryan Fleck /Anna Boden
País: EUA


Miguel 'Sugar' Santos, é um dominicano de 19 anos, que após grandes prestações a jogar baseball no seu país, é finalmente recrutado por um clube das ligas inferiores dos EUA. Um sonho tornado realidade, já que representa uma esperança para a sua pobre família, que objectiva poder ter uma vida melhor. Mas a responsabilidade que lhe cai nos ombros, aliada ao facto de ter problemas com a língua inglesa e de se sentir isolado e vitima de preconceitos raciais/culturais, acabam por ser decisivos para a sua partida para Nova Iorque, em busca de melhores oportunidades. Uma autêntica "canção" do imigrante, tendo o desporto como fundo. Dos criadores de "half nelson"(2006).

Film socialisme (2010)

Realizado por: Jean-Luc Godard
País: França

Um filme em três movimentos. O primeiro, é passado num navio com destino incerto, onde se fala diversas línguas. O segundo, é caracterizado por um conflito entre pais e filhos, onde surgem imensas questões que ficam por responder. O terceiro movimento recorre a blocos de imagens/ideias de estilo quase documental sobre localidades históricas. Tudo isto é feito de forma monótona e um pouco abstracta, com diálogos e frases filosóficas que aliados à imagem, procuram defender tanto uma ideologia política, como os valores do cinema.

Fair Game (2010)

Realizado por: Doug Liman
País: EUA

Recorrendo a factos verídicos, este filme denuncia a hipocrisia da política de guerra assumida pela administração Bush. Valerie Plame, vê a sua vida do avesso quando o seu nome é revelado como agente da CIA, após uma fuga de informação propositada do governo americano, logo após o seu marido ter criticado o sistema e ter desmentido informações que favoreciam o uso da força nos países do Médio Oriente. Sem o arrebatamento de "Bourne Identity", Doug Liman apresenta-nos um tema interessante num filme regular.

Source Code (2010)

Realizado por: Duncan Jones
País: EUA

Um soldado é enviado para o passado, através de um código base, para descobrir a identidade de um bombista, responsável por centenas de mortes numa explosão de um comboio. Para levar a cabo a sua missão, este homem tem diversas tentativas de regressão, cada uma com exactamente 8 minutos, onde assumirá a identidade de outro passageiro do comboio. Após errar inúmeras vezes, o soldado acaba por cumprir a missão, mas irá descobrir algo doloroso acerca de si próprio. Um filme em estado de graça mas que não me surpreendeu em demasia.

Aurora (2010)

Realizado por: Cristi Puiu
País: Roménia

"Aurora", cujo título foi posto em virtude do protagonista sofrer de insónias, é o novo filme do romeno Puiu, autor do célebre "the death of mr. lazarescu" de 2005. Lento e metódico, este filme dá-nos a conhecer durante 3 horas, a angustia e loucura de um homem comum, que após separar-se da sua mulher, comete quatro homicídios, três deles premeditados.
Extremamente interessante de assistir, o realismo evidente e a opção de manter mistério em relação aos acontecimentos que se vão passando, garantem o seu sucesso.

O Estranho Caso de Angélica (2010)

Realizado por: Manoel de Oliveira
País: Portugal

Oliveira regressa à realização, um ano após o simpático "singularidades de uma rapariga loira". Desta feita, apresenta-nos uma história de assombração, passada nos anos 50. Um fotógrafo fica completamente perturbado quando é chamado a uma quinta para fotografar uma jovem mulher recentemente falecida. O ambiente criado é espantoso, numa espécie de gótico fantasmagórico, que concede ao filme um charme especial e aguça o interesse pelo desenvolvimento da acção.