Contagion (2011)

Realizado por: Steven Soderbergh
País: EUA

Um vírus espalha-se de forma mortal e incontrolável por várias cidades, causando o pânico dos seus habitantes. Apenas um homem conseguiu ficar imune, num filme que começa muito bem, mas que vai perdendo fôlego à medida que avança. Mais realista que a maioria da concorrência, o problema maior é a falta de emoção ou adrenalina para que nos consigamos envolver mais e o facto do tema já não ser novidade. A ameaça de nos contagiar, não passa disso mesmo. Sem grandes entusiasmos, satisfaz.

City of Life and Death (2009)

Realizado por: Chuan Lu
País: China

Imagens poderosas a preto-e-branco, frias e perturbadoras, fazem com que este filme seja muito difícil de esquecer. Baseado no massacre da cidade de Nanking, quando os japoneses invadiram a China no final dos anos 30, revela as atrocidades cometidas pelas tropas japonesas quando não respeitaram a "zona de protecção" destinada aos refugiados e soldados enfermos. Milhares de mortos e centenas de mulheres violentadas, foi o balanço destes actos, que deixaram marcas psicológicas para a vida, tanto nos dominados como nos dominadores.

Balibo (2009)

Realizado por: Robert Connolly
País: Austrália

Filme que recria o ambiente de tensão antes e depois da invasão da Indonésia a Timor-Leste. José Ramos-Horta e o correspondente de guerra Roger East, tentam investigar o que se passou com cinco jornalistas australianos que desapareceram sem deixar rasto. Este filme, logo após o seu lançamento, foi alvo de alguma polémica em torno da veracidade da história apresentada. A estrutura do filme não é muito forte e algumas das interpretações (a de Ramos-Horta é um exemplo) não são totalmente convincentes, mas merece ser visto por colocar a nu o abuso de uma ocupação selvagem e diversas violações dos direitos humanos.

Mr. Nobody (2009)

Realizado por: Jaco Van Dormael
País: Bélgica

Fantástica e intrigante história que nos deslumbra desde o início pelo puzzle que o seu enredo vai criando, sem nunca revelar directamente as respostas. A história passa-se num tempo futurista e alimenta-se das recordações de Nemo, o último mortal na Terra, contando com 117 anos. Acamado e com frequentes lapsos de memória, Nemo conta a sua vida a um repórter, centrando-se mais nas idades em que teve de fazer escolhas "impossíveis". Mas em vez de uma, Nemo conta 3 possíveis histórias da sua vida, totalmente diferentes. A dificuldade surge em saber qual das histórias é realmente a verdadeira.

Black Bread (2010)

Realizado por: Agustí Villaronga
País: Espanha

Vencedor de 22 prémios em diversos festivais de cinema espanhois, "black bread" é uma história de misteriosos crimes, envoltos numa atmosfera sobrenatural e suportados num contexto político bem definido. A magnífica produção, aliada a uma fotografia bem cuidada, ajudam a criar um ambiente pesado mas vistoso, ao estilo medieval. A personagem principal é um miúdo de 10 anos, vítima de mentiras impingidas pelos adultos que o rodeiam, incluindo a família, que acabarão em revolta e isolamento. A não perder!

The Whistleblower (2010)

Realizado por: Larysa Kondracki
País: Canadá

Honradas intenções tem este filme, baseado nas reais experiências, já documentadas em livro, de Kathryn Bolkovac, uma polícia americana destacada para dar auxílio na Bósnia do pós-guerra. Tráfico humano para prostituição, visando servir os próprios funcionários da ONU, da polícia e de altos cargos internacionais, irão ser denunciados por esta mulher, que passará a ser uma ameaça para muita gente. Algumas cenas fazem questionar a sua veracidade, mas a situação é contornada com o suspense necessário para que nos esqueçamos delas.

The Lincoln Lawyer (2011)

Realizado por: Brad Furman
País: EUA

Mick Haller é um advogado conhecido por safar muitos marginais da cadeia e da pena de morte. Um dia é contactado por um homem rico para o defender da acusação de espancar uma prostituta, acabando por descobrir que este está relacionado com o assassinato de uma outra mulher. Ameaçado de morte, irá servir-se dos seus contactos “sujos” para resolver a situação de forma bem mais fácil do que seria suposto. Acompanha-se bem, sem nunca chegar a envolver ou a surpreender.

The Invisible Eye (2010)


Realizado por: Diego Lurman
País: Argentina

História passada em Buenos Aires no início dos anos 80, em plena ditadura militar. Maria Teresa é uma jovem de 23 anos que trabalha como preceptora numa das escolas mais rígidas da capital. Atormentada por ainda ser virgem e sentindo um "fraquinho" por um dos alunos, vai expor-se a situações comprometedoras, quando utiliza os lavabos masculinos da escola para o expiar. O seu chefe, por sua vez, sente-se atraído por ela, e ao aperceber-se da situação, irá tentar aproveitar-se. Um filme arrojado e com interesse sobre a repressão em duas vertentes: política e sexual.

Hanna (2011)

Realizado por: Joe Wright
País: EUA

Depois de realizar o imprescindível "atonement" em 2007, Joe Wright não conseguiu manter a mesma qualidade com "the soloist" em 2009. Dois anos volvidos, volta a vacilar, surgindo este "Hanna", um filme cheio de imperfeições num argumento já de si pouco credível. Não consegui envolver-me na história nem tão pouco simpatizar com Hanna, o que fez com que este filme não produzisse qualquer efeito em mim. Oportunidade para ver a "fria" Cate Blanchett no papel de vilã e pouco mais.

Crazy, Stupid, Love (2011)

Realizado por: Glenn Ficarra
País: EUA

Mais um exemplo de comédia americana que tem tudo para ser bem sucedida, mas que acaba por deitar tudo a perder ao ir por caminhos desnecessários. O que começou por ser muito interessante e promissor na fase inicial, acabou por descambar a partir da primeira metade, fazendo com que não se sinta grandes saudades deste filme após o seu final. O querer abordar o amor através de várias perspectivas (adulto, jovem, conjugal, extra-conjugal,etc.), não o favorece. Recomendado apenas para passar tempo.

Room in Rome (2010)

Realizado por: Julio Medem
País: Espanha

Filme sobre o encontro casual de duas mulheres (uma espanhola e uma russa) que se encontram de passagem em Roma. A sua relação não só irá tornar-se física, como também tentarão descobrir mais sobre o que lhes vai na alma. A meio de revelações íntimas, verdades ou mentiras, e alguns momentos sexy, é um filme perfeitamente esquecível de um grande realizador espanhol que já nos habituou a bem melhor (“sex and lucya”, “lovers of the artic circle”, “earth”).




Midnight in Paris (2011)

Realizado por: Woody Allen
País: EUA

Woody Allen, como é seu hábito, regressa anualmente com um novo projecto. Desta vez resolveu homenagear Paris, invocando o passado dos artistas dos anos 20 e 30, que irão inspirar a carreira de Gil, um escritor americano que se apaixona pela cidade e se desapaixona da sua futura esposa. A fantasia/nostalgia que Allen nos apresenta resulta bem, juntamente com a magnífica caracterização dos artistas, mas apesar de o recomendar, não chega perto das obras de outros tempos.

Meek's Cutoff (2010)

Realizado por: Kelly Reichardt
País: EUA

Filme arrojado, este “western” independente de Kelly Reichardt. Um filme sobre a confiança que podemos ter ou não nos outros. De ritmo lento, mas incisivo naquilo que pretende demonstrar, sem sentimentalismos ou rodeios no argumento, foi uma aposta ganha da realizadora. Um grupo de três casais decidem desviar-se do caminho regular, seguindo o “fanfarrão” Stephen Meek por um atalho no deserto do Oregon, a fim de ultrapassarem as Montanhas em Cascata. Acabando perdidos e sem água, terão num índio inimigo, capturado durante o percurso, a sua única hipótese de salvação.



Star Trek (2009)

Realizado por: J.J.Abrams
País: EUA

Filme que agradará com certeza aos amantes do sci-fi e das batalhas espaciais. É uma boa oportunidade para relembrar os “Star Trek” da década de 70 e 80, remetendo-nos neste caso para os dias de juventude do Capitão Kirk e do embaixador Spock. O argumento não sendo nada de extraordinário, possui uma movimentação constante e recorre a efeitos especiais decentes, o que faz com que estejamos sempre à espera de qualquer coisa e fiquemos deslumbrados visualmente. 

Lope (2010)

Realizado por: Andrucha Waddington
País: Espanha/Brasil

Uma visão não muito profunda, é certo, mas suficientemente apaixonada sobre parte da vida do poeta espanhol Lope de Vega, responsável por uma revolução no teatro do sec.XVI. Após apaixonar-se por Isabel de Urbina, vai denunciar publicamente através de poemas controversos, a hipocrisia de algumas pessoas influentes da sociedade, incluindo o seu protector Velásquez e a filha deste, Elena, com quem manteve um caso amoroso. O resultado final é um filme leve, que vai subindo de intensidade rumo ao final, proporcionando bons momentos de entertenimento. 


As Melhores Coisas do Mundo (2010)


Realizado por: Laís Bodanzky
País: Brasil

Um filme sobre a adolescência realizado e interpretado à boa maneira brasileira. Longe de provocar grande surpresa ou de deixar grande marca, tem no entanto uma abordagem simples e directa de vários problemas com possibilidade de emergir nos nossos dias. O argumento flui com naturalidade, retratando temas como a amizade, traição, sexualidade, discriminação, depressão, suicídio, família e escola. Vencedor de diversos prémios do cinema brasileiro, incluindo melhor realização e argumento, atribuídos pela associação de críticos de São Paulo e Festival do Recife.


Road To Nowhere (2010)

Realizado por: Monte Hellman
País: EUA

Regresso do realizador do “road-movie” de culto “two lanes blacktop”. O tema incide sobre a realização de um filme baseado num caso trágico ocorrido na Carolina do Norte, envolvendo três personagens: uma mulher, um político influente e um polícia. A abordagem da tragédia é depois interlaçada de forma ambígua com a envolvência da equipe de filmagem e actores, tomando uma estrutura interessante e fazendo o espectador perder-se um pouco na busca daquilo que é ou não a realidade das suas personagens. Com um ritmo muito próprio, é um filme “indie” inventivo e fora do comum.



Point Blank (2010)

Realizado por: Fred Cavayé
País: França

Com ritmo intenso e cenas de algum aparato, típicas do género, este filme conta a história de um enfermeiro que acaba por impedir que um criminoso hospitalizado (acusado da morte de um político influente), seja assassinado por um homem misterioso. Após este feito heróico, vê a sua mulher raptada, vindo depois a descobrir que um esquadrão da policia está envolvido no caso. O ponto fraco do filme acaba por ser o argumento, muito pouco provável de acontecer na realidade, mas possui uma movimentação frenética que com certeza agradará aos amantes dos filmes de acção. 





I Saw the Devil (2010)

Realizado por: Jee Woon Kim
País: Coreia do Sul
Já vai sendo habitual associarmos os filmes coreanos à violência sem limites. Pegou de moda, mas nem sempre convence. Quanto a mim, as cenas com excesso de violência podem funcionar bem nalguns casos, mas não quando passam a ser a única “atracção” do filme. Extremamente bem realizado, o que condeno é que por mais voltas que o argumento dê, tudo vai bater ao mesmo: sangue, tortura, violência. A constante repetição de torturas durante 2 horas e meia, esgota o catálogo de atrocidades e acaba por enfastiar e entediar, tornando-se numa espécie de concurso para ver quem é mais cruel e quem mais sofre. 




The Hunter (2010)

Realizado por: Rafi Pitts
País: Irão

Prometendo ser bem melhor do que aquilo que acabou por mostrar, este é um filme que traz à tona alguns dos principais problemas do Irão actual. Após de acidentalmente, perder a sua mulher e filha num tiroteio entre polícia e manifestantes, um homem decide vingar-se por sua conta, acabando por matar dois agentes da lei. Depois de perseguido e de fugir para o interior de um bosque, vai beneficiar da discórdia entre os dois polícias que o capturaram. A importância dos temas retratados (corrupção e abuso de poder nas forças policiais, excesso de burocracia nas esquadras da polícia e alienação geral devido à repressão do sistema), contrastam com uma realização menos conseguida.